Após vários dias de apuração, Donald Trump, atual presidente dos EUA, foi derrotado pelo candidato do partido democrata, Joe Biden, que até o fechamento desta matéria contabilizava 290 delegados no Colégio Eleitoral. Com quase quatro anos de um governo autoritário, com políticas racistas e antipopulares, Trump foi derrotado nas urnas pela mobilização do povo estadunidense contra o fascismo e o racismo.
Além de colocar crianças imigrantes em jaulas separadas de seus pais, Trump durante seu governo ameaçou a invadir a Venezuela e patrocinou a tentativa de um golpe de estado contra o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, e a derrubada do presidente da Bolívia, Evo Morales, em novembro do ano passado. Além disso, impôs novamente várias sanções contra o povo cubano (que haviam sido levantadas no governo anterior) e patrocinou a campanha de vários candidatos fascistas pelo mundo, como Jair Bolsonaro, no Brasil, e Victor Orbán, na Hungria.
Eleição mostra a farsa da democracia estadunidense
A votação para presidente tinha se encerrado na terça-feira (3). Apesar disso, os norte-americanos já estavam votando em alguns estados desde setembro. Com um sistema arcaico e antidemocrático, a mídia burguesa apenas considerava os candidatos do Partido Democrata e Republicano, mesmo havendo mais quatro candidatos a presidente por outros partidos.
Com o fim da votação na terça e o avanço da apuração na maioria dos estados, estava claro que o candidato democrata venceria no voto popular, no entanto não é o voto do povo que determina as eleições nos EUA. Lá a eleição é indireta, ou seja, as pessoas elegem delegados nos estados e estes decidirão quem será o novo presidente, da forma parecida com que se fazia no Brasil no período da Ditadura Militar.
Mesmo Joe Biden chegando a abrir quatro milhões de votos de diferença para Trump, havia a possibilidade do atual presidente ser eleito por conseguir mais delegados. Quer dizer, além de não dar espaço igual as diversas candidaturas, nos Estados Unidos não é o povo quem escolhe diretamente seu governante.
Vitória de Joe Biden não muda atuação do imperialismo norte-americano no mundo
Ainda que Donald Trump tenha perdido as eleições e isso signifique uma grande derrota do campo fascista no mundo, a consequente vitória de Joe Biden não gera muita esperança de uma mudança de postura dos EUA em relação ao mundo. Tanto republicanos, quanto democratas sempre defenderam golpes de estado, invasões militares e ocupações durante a história e não há nenhuma perspectiva de que isso mude com os democratas no poder.
De fato, Biden não deu sinais de que vai parar a disputa pela hegemonia imperialista com a China, o que forçar o mundo cada vez mais para uma guerra. Tampouco o democrata demonstrou que respeitará o povo venezuelano e recuar no reconhecimento do golpista Juan Guaidó como “presidente” daquele país.
Biden deve continuar a política genocida dos EUA que, junto com Israel, massacra o povo palestino. Além disso, deve fortalecer os laços com ditaduras sanguinárias como a Arábia Saudita, como foi feito durante o governo de Barack Obama (2009-2013).
O presidente eleito apenas cumpre o papel que sempre coube aos presidentes dos dois grandes partidos dos EUA: se revezar na administração do aparelho estatal do imperialismo estadunidense para continuar defendendo os interesses do capital financeiro e da grande burguesia internacional.
Mídia brasileira troca de lugar com Bolsonaro
Enquanto Trump estava no poder o que vimos foi o governo brasileiro se portar como sabujo do governo estadunidense. Bolsonaro batia continência para a bandeira americana, dizia que “amava” Trump e fechava acordos comerciais desfavoráveis ao Brasil, além de entregar de mão beijada a Base de Alcântara, no Maranhão, para os EUA. Todas essas atitudes foram criticadas por vários setores da mídia burguesa brasileira.
Agora com a vitória de Joe Biden o que se desenha é uma inversão de papéis. Bolsonaro já deu várias declarações durante essa semana reclamando do candidato democrata, enquanto que a grande mídia brasileira retornou ao seu papel subserviente ao imperialismo norte-americano fazendo inúmeras matérias sobre as “qualidades” pessoais de Biden, analisando sua trajetória pessoal e o quanto o novo presidente eleito é moralmente superior a qualquer pessoa. O que podemos esperar agora é que essa inversão de lugares na sabujice da elite brasileira na relação do país com os EUA se aprofunde.
Apesar disso, nada indica que o governo brasileiro vai deixar de ser submisso ao imperialismo norte-americano. Isto porque, mesmo sem Trump, o objetivo de Bolsonaro é atender os interesses das grandes multinacionais, banqueiros e do capital financeiro nacional e internacional. Se houver alguma mudança vai ser só na retórica para mostrar a sua base que continua fiel a Trump.
A luta contra o imperialismo norte-americano continua
Para os povos latino-americanos e de todo o mundo a luta continua contra o imperialismo estadunidense. Essa troca de comando entre os dois partidos de lá não é nova e todos já estão acostumados. Mas a luta antifascista se abre para um novo capítulo com o enfraquecimento do campo fascista internacional.
Diante disso, o único caminho é a continuidade das ações de solidariedade e da defesa da soberania e independência dos povos da América Latina.
Biden não significa nada novo no mundo, só o velho e requentado Partido Democrata caracterizado pelas velhas ações imperialistas, como a Guerra do Vietnã, com J. F. Kennedy e Lyndon Johnson nos anos 1960, Guerra da Bósnia nos anos 1990 com Bill Clinton ou a invasão da Líbia e o apoio a invasão do Iêmem pela Arábia Saudita no governo Obama.
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